
A Cigarra e a Formiga
Tendo a cigarra em cantigas
Folgado todo o Verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga
Que morava perto dela.
Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brio,
Algum grão com que manter-se
Até voltar o aceso Estio.
"Amiga - diz a cigarra - ,
Prometo, à fé de animal,
Pagar-vos antes de Agosto
Os juros e o principal".
A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta.
"No Verão em que lidavas?"
"No Verão em que lidavas?"
À pedinte ela pergunta.
Responde a outra: "Eu cantava
Noite e dia, a toda a hora".
- Oh! Bravo! - torna a formiga!
- Cantavas? Pois dança agora!
Bocage
Sem comentários:
Enviar um comentário