"A Panela de Ferro e a Panela de Barro"
A panela de ferro, um certo dia,
Ao sair do esfregão da cozinheira,
Ao sair do esfregão da cozinheira,
Mui fresca e luzidia,
Disse à de barro sua companheira:
"Vamos dar um passeio,
Fazer uma viagem de recreio."
- "Iria com prazer, disse a de barro,
Mas sou tão delicada,
Que, se acaso em seixo ou tronco esbarro,
Lá fico esmigalhada!
Acho mais acertado aqui ficar,
Acho mais acertado aqui ficar,
Ao cantinho do lar.
Tu, sim, que vais segura.
A pele tens mais dura."
- "Se é só por isso, podes ir comigo,
É medo exgerado o teu, - contudo,
Se houver qualquer perigo,
Serei o teu escudo."
A tal dedicação, a tal carinho,
Não pôde a companheira replicar,
E as duas, a caminho,
Lá vão nos seus três pés a manquejar.
Mas, ai! não tinham dado quatro passos,
Mas, ai! não tinham dado quatro passos,
Numa vereda estreita,
Eis que se tocam - e a de barro é feita,
Coitada, em mil pedaços!
Para sócio, não busques o mais forte,
Que te arriscas decerto à mesma sorte.
Acácio Antunes
(fábulas de Lafontaine)
Sem comentários:
Enviar um comentário